Thursday, March 22, 2007

O PROBLEMA DAS RELAÇÕES ENTRE PROUDHON E MARX

“Comme Hegel, Proudhon a exercé sur Marx une influence constante, faite d`attraction et de répulsion” (1)1. A atracçãoEsquecemos demasiadas vezes a filiação Proudhon-Marx em proveito da polémica que os pôs frente a frente. Porém Marx, apesar de algumas divergências, foi desde as suas primeiras leituras, sensibilizado pela profundidade do pensamento proudhoniano.A “Reinische Zeitung”Marx não gozava de popularidade a não ser restrita e local quando descobriu a primeira memória sobre a propriedade de Proudhon. Nomeado, desde o 1 de Outubro de 1842, redactor em chefe da liberal Gazeta Renana, Marx rende-lhe homenagem, em 6 de Outubro declarando:“(...) para fazer a crítica de obras como as de Leroux, Considérant, e antes de tudo os trabalhos tão penetrantes de Proudhon, não chega algumas ideias superficiais e passageiras, mas é necessário primeiramente estudos prolongados e aprofundados”.(2)Marx não podia sentir-se próximo dos socialistas alemãs, dos “Livres” em particular, e das suas fantasias, e foi a leitura de Proudhon, “o escritor socialista mais lógico e o mais penetrante” (3), que lhe revelou certamente a possibilidade duma análise socialista profunda, rigorosa, científica.Paralelamente, Engels escrevia que Qu`est-ce que la propriété? era “da parte dos comunistas, a obra filosófica em língua francesa” (4).Podemos verificar que Proudhon não foi asseguradamente estranho à adesão, em 1843-44, de Marx e de Engels ao movimento comunista do qual pensavam eles, Proudhon era o mais fiel representante.O “Deutsch-Französische Jahrbücher” e o “Vorwärts”Durante os anos 40, a repressão política intensificou-se. Incomodados ou ameaçados pelos polícias de Viena e de Berlin, os intelectuais alemãs vinham em grande número para Paris. Rapidamente formaram uma colónia numerosa centrada à volta de Henri Heine que tendo-lhes mostrado o caminho, os acolhia de boa vontade.Em Outubro de 1843, após a interdição da Gazeta Renana, Marx exilou-se em Paris onde empreendeu a criação dos Anais franco-alemãs. Foi Ruge que em 1843, propôs a formação dum tal periódico que deveria permitir por em relação o pensamento socialista alemão nascente com as diversas posições políticas e filosóficas dos socialistas franceses ( L. Blanc, E. Cabet e, naturalmente, Proudhon). Marx responde imeadiatamente a esta proposição: “ (...) eis um princípio, eis um acontecimento consequente, uma empresa pela qual podemos entusiasmar-nos.” (5). Mas a experiência foi um desaire, e por duas razões; antes de tudo os socialistas franceses não se mobilizaram (6), em seguida os Anais, compostos de artigos de Marx, Ruge, Feuerbach e de Bakunine, foram perseguidos pelo governo prussiano desde o seu aparecimento, sob a forma dum núnero duplo, em Março de 1844, e Marx, Ruge, Heine e Bernays, banidos (7); mas para além destes problemas objectivos,a ruptura com Marx com o seu co-fundador A. Ruge, faziam dos Anais um “empreendimento moribundo” (8). Esta ruptura teve como origem uma discussão durante a qual Ruge troçou de Herwegh; Marx não interveio logo, mas replicou escrevendo no dia seguinte uma carta apresentando Herwegh como um génio e Ruge como um filisteu, um inimigo.É de notar que é a vontade de repetir esta experiência jornalística que desencadeia as hostilidades com Proudhon. Sendo assim, seria prematuro acreditar que os seus pensamentos não tinham ainda divergência mesmo se Proudhon permanecesse um modelo por Marx; deste modo o cita na sua crítica de Ruge:“(...) lembro os geniais escritos de Weitling que ficando bem atrás de Proudhon no seu desenvolvimento, o ultrapassam por vezes do ponto de vista teórico” (9).Vorwärts (10) foi por sua vez interdito, desta vez por Guizot, bem que sob pressão prussiana. Um artigo tinha com efeito, dado conhecido do atentado contra Frederico Guilerme IV lamentando que o atirador não tivesse sido mais bem sucedido. Marx teve que se exilar em Bruxelas.O encontroNão resta nenhum traço dos encontros entre Proudhon e Marx, mas podemos supor todavia que Bakunine não foi estranho (11). Com efeito, enquanto germanófilo e vizinho de Heine, Bakunine frequentava bastante os refugiados alemãs de Paris ( Ruge, Herwegh,...) e vê Marx desde a sua chegada a Paris onde foram segundo Bakunine “bastante amigos” (12). Para mais, completando, em Outubro de 1844 as ameaças de sanções do governo russo contra ele e os seus bens ( Bakunine era nobre), aproximou-se dos refugiados polacos à volta dos quais gravitavam, por intermediário de George Sand, os socialistas franceses ( V. Considérant, L. Blanc, Ledru-Rollin,...) fieis à tradição polonofila dos republicanos franceses desde o Império. Bakunine já conhecia Marx quando encontra Proudhon pela primeira vez em 1844. Na época Proudhon habitava em Lyon e foi durante a sua estadia em Paris ( de 23 de Setembro de 1844 a 7 de Fevereiro de 1845) que se encontrou verosimilmente desde Setembro Bakunine, e em seguida Marx.Em 1844Proudhon tinha já publicado, entre outros, as suas três memórias sobre a propriedade ( 1840, 1841 e 1842) e De la création de l`ordre dans l`humanité (1843) e trabalhava então no système des contradictions économiques, era portanto já conhecido e respeitado. Daquilo que sabemos do carácter de Proudhon deixa o presságio que o orgulho de Marx ( 26 anos) foi lisongeado pelo acolhimento que o primeiro reservava às suas visitas.Marx escreveu, mais tarde, destes encontros: “ No curso de longos debates que se prolongavam por vezes pela noite dentro, injectava-o, para seu prejuízo, dum hegelianismo que não podia aprofundar, por causa da sua ignorância em alemão” (13).Não podemos portanto legitimamente pensar que Proudhon fazia referência a Marx quando escrevia, em 19 de Janeiro de 1845, a Bergmann: “Após os novos conhecimentos que fiz este Inverno, fui bem compreendido por um grande número de Alemãs que admiraram o trabalho que fiz para chegar sózinho aquilo que eles pretendem existir em casa deles.Não posso ainda julgar do parentesco que existe entre a minha matafísica e a lógica de Hegel, por exemplo, porque ainda não li Hegel” (14).Além disso, podemos pensar que estas discussões não foram unicamente filosóficas mas também económicas. Proudhon preparava Le système des contradictions économiques e Marx estava já fortemente ligado a Engels desde a passagem por Paris deste em Setembro de 1844. Começava aliás a escrever sobre este assunto (Os manuscritos de 1844). esta hipótese encontra-se reforçada por aquilo que escreveu Engels no prefácio duma nova edição da Miséria da Filosofia, na qual ele afirmava que Proudhon e Marx “tinham, em Paris, discutido, muitas vezes noites inteiras, questões económicas”.A Sagrada FamíliaEm Janeiro de 1845 é editada A Sagrada Família (15) (co-assinada por Engels apesar da sua contribuição não tenha sido mais que dois fólios) na qual Marx toma a defesa de Proudhon que representava então, para ele, “ o proletariado elevado à consciência de si-mesmo”, contra os ataques da “critica critica” de Bruno e de Edgar Bauer, declarando:“ Proudhon submete a propriedade privada, base da economia política, a um exame crítico, ao primeiro exame categórico, tão impiedoso como científico por ele realizado, um progresso que revoluciona a economia política e torna possível, pela primeira vez, uma verdadeira ciência da economia política. A obra de Proudhon Qu`est-ce que la propriété? é tão importante para a economia política moderna como a obra de Sieyès Qu`est-ce que le tiers état ? para a política moderna. (16) e mais longe: “Tomou (Proudhon) a sério a aparência humana das relações económicas, e opô-las cruamente à sua realidade inumana. Forçou estas relações a serem na realidade aquilo que são na ideia que temos delas, ou melhor, a renunciarem a essa ideia e a confessarem a sua inumanidade real. Portanto, representou muito logicamente consigo mesmo não esta ou aquela espécie de propriedade privada parcialmente, como fazem os outros economistas, mas tão só a propriedade privada, na sua universalidade, como falseadora das relações económicas.” (17), e enfim: “Ao fazer do trabalho a medida do valor e ao mostrar a mais-valia resultando da força colectiva, ele explicou porque é que o capitalista pode resgatar não somente o produto do trabalho, mas mais que este produto” (18).Vemos portanto com que força o jovem Marx ficou maravilhado e impregnado do pensamento proudhoniano. A questão que se coloca é de saber como é que após tantos testemunhos de admiração e de consentimento, tantas declarações respeitosas e elogiosas, Marx pode ter chegado ao arrebatamento de ódio que conhecemos? “As bruscas mudanças de humor de Marx, as passagens duma alegre camaradagem à hostilidade implacável, de pézinhos de lã à garra”(19), não podem servir de explicação suficiente a uma ruptura que o colocou em rota de colisão tão profundamente, tão apaixonadamente com “ o pensador mais ousado do socialismo francês”. (20)A repulsãoA correspondência Proudhon-MarxFoi com um duplo objectivo que, em 15 de Maio de 1846, Marx escreveu a Proudhon. Antes de tudo, o envio desta carta foi motivado pela vontade de formar uma organização internacional de informação. Lembramo-nos do entusiasmo que já tinha suscitado um tal projecto aquando dos Anais Franco-Alemãs. Nesse tempo, com boas relações com Proudhon, Marx epressou-se em o contactar, fiel aos conselhos que lhe tinha prodigalizado Arnold Ruge, em 1843, então dessa primeira experiência. (21) A resposta de Proudhon neste ponto foi pouco encorajadora. Com efeito, se consentia “em tornar-se um dos confinantes desta correspondência”, não se comprometia a “escrever nem muito, nem regularmente” .(22)O segundo objectivo não era directamente expresso por Marx, e só aparecia em post-scriptum na pena dum testa de ferro: Philippe Gigot. Esta consistia numa denúncia de Karl Grün, apresentado como “uma espécie de charlatão que queria fazer o comércio de ideias modernas” e que após ter conhecido Proudhon permitia apresentar-se comno seu privat docent e de “troçar sobre os seus escritos”. Marx procurava desta maneira, um apoio em França na empresa que tinha começado na Ideologia Alemã, consistindo em desembaraçar-se da concurrência da influência de Grün junto dos refugiados alemãs de Paris e assim libertava Proudhon. Aí novamente, a espectativa de Marx foi iludida, com Proudhon a convidá-lo a rever o seu “julgamento produzido devido a uma irritação”, desculpando Grün pelas suas “impertinências”, e relembrando finalmente que era devido a este último o seu conhecimento dos escritos de Marx e de Engels.Se as respostas de Proudhon, às duas proposições que lhe foram feitas comportavam já uma condenação latente, o essencial da sua carta era constituída por uma lição moral e dum ataque severo contra o autoritarismo do pensamento marxista que não deixavam nenhuma dúvida sobre a oposição de Proudhon tanto a Marx como às suas teorias.Após um acordo de princípio sobre a utilidade duma tal correspondência (“Procuremos em conjunto, se quiser, as leis da sociedade, o modo como essas leis se realizam, o desenvolvimento segundo o qual conseguiremos descobri-las”), Proudhon insistia sobre a necessidade de “conservar por algum tempo ainda a forma crítica ou dubitativa” (“Por Deus! depois de termos demolido todos os dogmatismos a priori, não sonhemos nós em doutrinar o povo;”).É assim que após ter declarado o seu “anti-dogmatismo quase absoluto”, permite-se explicar, que em contrapartida exigia a rede epistolar à qual tinha sido convidado a participar: “Façamos uma boa e leal polémica; demos ao mundo o exemplo duma tolerância sábia e previdente, mas porque estamos à cabeça do movimento, não nos tornemos os chefes duma nova intolerância, não nos apresentemos como apóstolos de uma nova religião (...) Acolhemos, encoragemos todos os protestos; desanimemos todas as exclusões, todos os misticismos; não consideremos nunca uma questão como esgotada (...) Com esta condição, entrarei, com prazer, na sua associação; caso contrário, não!”. Como é que Marx podia aceitar esta irrefutável lição de moral que para além disso, se apresentava em compensação duma carta de denúncia e no preciso momento durante o qual Marx acertava contas com os seus antigos mestres e amigos.Pior ainda, Proudhon insistia no seu desacordo com todo o pensamento revolucionário, violento e sanguinário, em proveito dum reformismo visando uma conciliação social: “ Talvez que você ainda conserve a opinião de que actualmente nenhuma reforma é possível sem um golpe repentino, sem aquilo que outrora se chamava uma revolução, e que não é, muito ingenuamente, senão uma sacudidela...Esta opinião, que concebo, que desculpo, que discutirei de boa vontade, tendo-a eu próprio partilhado durante bastante tempo, confesso-lhe que os meus últimos estudos me reconciliaram completamente.” E enfim, “os nossos proletários têm uma tão grande sede de ciência, que seríamos mal acolhidos por eles, se não tivessemos a apresentar-lhes para beber a não ser sangue. Em suma, seria, em minha opinião, de má política para nós, falar em exterminadores.” (23)A Ideologia AlemãTalvez do facto do seu aparecimento tardio,(24) o papel charneira que ocupa, A Ideologia Alemã na evolução das relações Marx-Proudhon nunca foi evocado. Com efeito, se a redacção do segundo volume se completava desde o princípio de Maio (25), o obra foi retrabalhada até ao fim do ano de 1846 (26). Parece então claro, na leitura da obra, que se misturam na Ideologia Alemã asserções dizendo respeito a Proudhon datando antes de Maio de 1846, da qual uma grande parte foram modificadas no seguimento, e outras acrescentadas após a carta de Proudhon de 17 de Maio de 1846. A Ideologia Alemã testemunha deste modo da evolução dos sentimentos que Proudhon inspirava a Marx antes, e após, esta correspondência.A remodelação constante da obra ( até ao seu “abandono à critica dos ratos”), a ordem cronológica da escrita dos capítulos (diferente do da publicação), e o facto que a primeira redacção foi efectuada antes de Maio de 1846, fazem que não haja cisão clara, no seio da obra, entre as reflexões favoráveis e hostis a Proudhon.É deste modo que Proudhon é logo apresentado como o comunismo incarnado (27), ou colocado no mesmo plano que Robespierre e Saint-Just (28), e logo negado de toda a profundeza intelectual (29).Duas passagens são particularmente reveladoras desta dupla linguagem. No primeiro caso, contra Stirner, Proudhon é felicitado pelo seu rigor:“ (...)Proudhon apoia-se sobre um facto histórico (...) Proudhon tinha todo o direito, face aos juristas dogmáticos (...), dos combater com as suas próprias hipóteses. (...) Não poderíamos atacar Proudhon sobre a sua fórmula acima apresentada, que se contra esta propriedade privada que abordou a comuna primiva, tivesse tomado o partido da forma anterior e menos evoluída.” (30) Marx conclui então à abstenção de toda a sentimentalidade no pensamento proudhoniano.O segundo extrato, ao fim da parte sobre Karl Grün, foi visivelmente acrescentado após Maio de 1846: Marx tenta aqui voltar aos elogios que tinha endereçado a Proudhon:“ Todas as demonstrações de Proudhon são falsas (...) As observações que nós fizemos sobre Proudhon na “Sagrada Família” (...), M. Grün recopia-as. Todavia compreendeu tão pouco do que se trata que deixou de lado o bico da critica, a saber que Proudhon opõe as ilusões dos juristas e dos economistas à sua prática...O elemento mais importante do livro de Proudhon : “ De la création de l`ordre dans l`humanité” é a sua dialéctica serial, tentativa de fornecer um método de pensamento graças ao qual substitui-se às ideias consideradas como entidades, o processo próprio do pensamento.Partindo do ponto de vista françês, Proudhon está à procura duma dialéctica, como a de Hegel, e não duma analogia puramente imaginária. Era portanto fácil de fazer uma crítica da dialéctica proudhoniana por pouco que se tenha conseguido fazer a da dialéctica hegeliana” (31).Como consta dos fragmentos supracitados, a carta de 17 de Maio engendrou instantaneamente, uma revisão geral, uma inversão radical, do que Marx havia até então pensado ou escrito a respeito de Proudhon. É entretanto surpreendente de verificar que Marx não desencadeou então totalmente a sua inspiração polémica. Esta reacção foi talvez devida a um medo táctico, a uma esperança de reconciliação, ou mais simplesmente, ao facto de Marx não dispor ainda da ferramenta conceptual deficiente ou adequada para combater um pensamento que tanto o influenciou e que deste modo, se encontrava relativamente próximo do seu. Se não podemos afirmar que esta retenção de Marx provinha da dificuldade que ele encontrou em condenar Proudhon sem se negar, a Ideologia Alemã revela, em todo o caso, que a carta de Proudhon não faz que mais que ferir a admiração de Marx sem a fazer voar em estilhaços.A preparação do Anti-ProudhonSe a Ideologia Alemã testemunha o reposicionamento de Marx em relação a Proudhon durante o ano de 1846, ela não permite datar precisamente ou sobretudo certamente durante este ano o momento desta mudança. É o estudo da correspondência de Marx e de Engels que nos irá trazer numerosas informações suplementares, necessárias à precisão históriográfica, sobre a data e a maneira como se operou esta ruptura, mas também, para a identificação do papel desempenhado por Engels no processo que irá conduzir Marx à Miséria da Filosofia.A fase anti-proudhoniana foi iniciada por Engels, no dia 18 de Setambro de 1846, quando de Paris, declarava numa carta a Marx na altura em Bruxelas:Na minha carta de assuntos, cometi uma injustiça gritante a respeito de Proudhon... Acreditava que ele tinha cometido um pequeno non-sens que se mantinha nos limites do senso comum. Mas ontem, a coisa foi discutida de novo e com detalhe, e apercebi-me que este novo non-sens é um non-sens que ultrapassa verdadeiramente os limites.”Engels não foi portanto neutral na querela Proudhon-Marx, foi pelo contrário o fomentador, melhor, o iniciador. Mas é de notar o que são bem as ideias proudhonianas que são atacadas (“ Nesta proposição, que repetiu um número incalculável de vezes Papa Eisermann e que tinha preparado em Grün, podes ver ainda distintamente transparecer as formulações iniciais de Proudhon”), é Grün que permanece, antes de qualquer outro, o principal inimigo (“ É na mesma demasiadamente forte ser ainda obrigado a derrear-se contra inépcias do mesmo modo bárbaras. Mas é necessário ter paciência e não soltarei os meus simplórios antes de ter enconstado Grün à parede e dissipado a neblina do seu cérebro...”) Engels parecia portanto bem mais intransigente com Grün que difundia na altura a ideia de operários-accionistas no meio dos refugiados alemãs ( que Engels considerava como o seu feudo), que com Proudhon que tinha construído o conceito. Mas isto não deve mascarar a sinceridade da revolta de Engels. Pela primeira vez talvez, Engels viu a que ponto o socialismo que Proudhon anunciava na sua carta, estava longe do seu, e portanto, que o Proudhon que ele quis que fosse o verdadeiro não era dissociável do Proudhon espiritualista que pensava poder ocultar (32).A divergência entre os nossos dois protagonistas, alimentada por um afrontamento passional partindo da esperança específica de cada um para com o povo, apoiava-se sobre os meios de conseguir alcançar o socialismo. Com efeito, Engels como Proudhon ( e contrariamente a Marx que nunca conseguirá estabelecer relações intímas com os operários ou os camponeses (33) ), deixava-se enfurecer (“É em apanhar crises de nervos.”) logo que o povo, sobretudo os alemãs, não respondia às suas esperanças (34):E aqui, os operários, estes jovens parvos ( falo dos alemãs), acreditam em todas estas idiotices; eles que não podem sequer guardar seis moedas no bolso para irem ao mercadocomprar vinho na noite das suas reuniões, querem comprar toda a bela França com as suas economias!”. O empenho que Engels tinha tomado antes da sua vinda para Paris, de por “em desordem” Karl Grün, deu lugar a uma luta de influência no fim da qual Engels declarou-se vencedor, no dia 23 de Outubro de 1846, na sua carta ao comité de correspondência comunista de Bruxelas:“ O principal partidário e discípulo de Grün, Papa Eisermann foi posto fora, a influência dos seus outros fieis sobre a massa está difinitivamente minada, e fiz adoptar contra eles uma resolução que foi votada por unanimidade”.A estratégia desenvolvida por Engels para este voto consistiu, após três noites-debates sobre o projecto proudhoniano de associação, a fazer adoptar pela assistência a denominação de “comunista”, e no seguimento, a fazê-la pronunciar-se contra os “anti-comunistas”, e portanto, contra Grün e Eisermann (35). Na ocasião deste voto Engels definiu de maneira suficientemente ampla o comunismo de maneira a congregar o máximo de pessoas, sobretudo alemãs, à volta de Marx e de aniquilar deste modo a influência de Grün sobre estes. As intenções comunistas eram apresentadas como segue:“ 1) promover os interesses dos proletários ao encontro dos interesses dos burgueses;2) conseguir a abolição da propriedade privada, substituída pela comunidade dos bens;3) não reconhecer outro meio de realizar estes fins que a revolução democrática pela violência”.Vemo-lo, Engels retoma progressivamente, e ao negá-los, os aspectos fundamentais do pensamento proudhoniano tal qual aparecia na carta de 17 de Maio de 1846 (36).Esta correspondência de Engels esclarece-nos portanto sobre o estado de espírito vingativo de engels e de Marx durante o período que precedeu “o Anti-Proudhon”.Pelo seu lado, Marx escreveu uma carta a P. Annenkov, no dia 28 de Dezembro de 1846 (37), ou seja somente dois dias após ter recebido o Système des contradictions économiques, o seu primeiro ataque radical contra Proudhon. O tom de Misère de la Philosophie era dado logo nas primeiras linhas:“ M. Proudhon não nos dá uma falsa crítica da economia política porque ele é possuidor duma filosofia ridícula, mas ele dá-vos uma filosofia ridícula porque ele não compreendeu o estado social actual na sua engrenagem...”.A crítica do livro de Proudhon, julgada “em geral mau e muito mau”, “informe e presunçosa”, não era nesse momento que nos seus balbucios e repousava na crítica da compreensão proudhoniana da História Aquele que declarava, somente dois anos antes, na Sagrada Família: “ Proudhon não escreve só no interesse dos proletários, ele próprio é proletário. A sua obra ( Qu`est-ce que la propriété?) é um manifesto científico do proletariado françês, e por isso mesmo reveste um significado histórico completamente diferente da elocubração literária duma crítica qualquer.”, afirma doravante: “M. Proudhon é filósofo e economista da pequena burguesia, da cabeça aos pés. Numa sociedade avançada e por imperativo da sua situação social, o pequeno burguês faz-se socialista por um lado, economista por outro, quer dizer é encandeado pela magnificência da alta burguesia e condói-se com as desgraças do povo. É, ao mesmo tempo, burguês e povo. Vangloria-se, no foro intímo da sua consciência, de ser imparcial, de ter encontrado o justo equilíbrio, que tem a pretensão de distinguir do meio termo. Um tal pequeno burguês diviniza a contradição, porque a contradição é o fundo do seu ser. Ele é apenas a contradição social posta em movimento. Tem de justificar pela teoria o que é na prática, e o sr. Proudhon tem o mérito de ser o intérprete científico da pequena burguesia francesa -- o que é um mérito real, porque a pequena burguesia será parte integrante de todas as revoluções sociais que se preparam.”Philosophie de la Misère - Misère de la PhilosophieSe a discórdia se determina com a carta de Proudhon que, além das suas criticas, punha em causa de maneira quase irremediável, o grande projecto duma correspondência internacional da qual Marx teria sido o centro; foi o Système des contradictions économiques que desencadeou realmente a cólera de Marx. Para compreender a reacção deste último, é necessário regressar, durante algum tempo ao ano de 1844.Foi em Setembro de 1844, quando da sua vinda para Paris, que Engels teve as suas primeiras discussões com Marx, iniciando-o deste modo na economia política. (38).Em Outubro desse ano, Engels de volta a Barmen, tem conhecimento que o seu novo amigo, não está a trabalhar numa obra de economia política, mas sobre “esta coisa demasiado grossa” que era a Sagrada Família; endereçou-lhe então em Janeiro de 1845 uma carta da qual o conteúdo era claro:“ Arranja-te para acabar o teu livro de economia política; mesmo se algumas páginas não te satisfazem, pouco importa: os espíritos estão amadurecidos e devemos bater o ferro enquanto ele está quente (...) Mas os tempos são grandes! Deste modo toma a obrigação de terminar até Abril, faz como eu, fixa uma data à qual queres efectivamente terminar, e cuida para te fazeres imprimir rapidamente” (39)Esta primeira grande obra de economia social, que Engels esperava de Marx (40), foi publicada, logo em 1846, mas por Proudhon. Isto explica, sem dúvida, a obstinação de Marx, na Miséria da Filosofia, a demonstrar que Proudhon não podia orgulhar-se de ser o percursor da economia social. Se a identificação do socialismo à economia política se encontrava já anunciada na Création de l`Ordre, só tomou uma forma rigorosa no Système des contradictions économiques. Marx devia portanto libertar-se absolutamente desta nova paternidade de Proudhon se se quisesse impor como o fundador do socialismo científico.Não é surpreendente que Engels, antes mesmo do aparecimento do Système des contradictions économiques, tenha começado a critica em 19 de Setembro de 1846, numa carta de Paris ao Comité de Bruxelas na qual concluía:“ Proudhon torna-se ridículo para sempre perante todos e com ele todos os socialistas e comunistas franceses, aos olhos dos economistas burgueses se publica este trabalho” (41).No dia 15 de Outubro de 1846, é editado o Système des contradictions économiques ou Philosophie de la Misère (42); a resposta de Marx não tardará, escrita durante o inverno de 1846-1847, anunciada em Dezembro na sua carta à Annenkov (43), Miséria da Filosofia foi editada em Junho de 1847.Não é necessário pensar todavia que esta oposição pode reduzir-se a um simples caso de ambições, de estratégia política; O desacordo era mais profundo, e o que deixava entender a carta do dia 17 de Maio, sobre a oposição de Proudhon às teses comunistas, era largamente e mais habilmente desenvolvido no seu livro. Inversamente, a evolução de Marx fazia com que não pudesse tolerar esta tese por sua vez tão próxima nos seus fundamentos e tão longínqua nas suas implicações (44).Marx foi impregnado pelo pensamento proudhoniano que esteve na origem do caminho que o conduziu ao socialismo; partindo pois da mesma condenação moral da sociedade capitalista e das mesmas fontes económicas, não parou de reformular as noções proudhonianas (45). Mas, a par da divergência dos seus pensamentos políticos, das suas metodologias, das contradições acima apresentadas..., Marx transformará consideravelmente a essência do pensamento proudhoniano. Esta transformação, nomeadamente metodológica, Proudhon não a vê quando anota deste modo no seu exemplar da Miséria da Filosofia:“O verdadeiro sentido da obra de Marx é que ele tem o desgosto que eu tenha, em todo o lado, pensado como ele e que o tenha dito antes dele. Pertence ao leitor acreditar que é Marx que, após me ter lido tem o pesar de pensar como eu. Que homem!”.Proudhon não se interessará mais por Marx e morrerá antes da publicação do Livro I do Capital; não pode nunca medir a importância da retoma dos seus conceitos pela análise marxista, não mais que o afastamento metodológico (46) e ideológico do novo quadro no qual estas noções se inscreverão. Se os conceitos proudhonianos se reencontram em Marx, o espírito não aí se não encontra.Após o Anti-ProudhonÀ publicação da “Miséria da Filosofia” Proudhon ignorará totalmente Marx, não o lerá nem o citará nunca. Numerosas hipóteses foram propostas para explicar este silêncio de Proudhon ao contrário da “Miséria da Filosofia”.Consideremos as quatro mais importantes interpretações.Em primeiro lugar, Benoît Malon que se pergunta qual o interesse que teria Proudhon em responder ao libelo de Marx, e portanto dá-lo ao conhecimento do público:“ Proudhon que não teríamos sabido tão hábil, sentiu toda a vantagem que lhe dava a obscuridade de seu terrível contraditor, e ele, que estava sempre pronto para a polémica e à invectiva, não responde a Marx, que continuará a ser ignorado do grande público françês.Esta situação durará bastante tempo (até à comuna)”.(47)Daniel Halévy sugere uma outra explicação “mais digna da alma de Proudhon que a manobra conjecturada por Benoît Malon”:“Se ele se calou, é talvez porque a resposta absolutamente honesta era difícil de dar, e repugnava-lhe comprometer, sobre um assunto que interessava o futuro do socialismo, uma briga de importância menor”.(48)Finalmente, Pierre Haubtmann propõe duas outras hipóteses, a primeira, rapidamente afastada, segundo a qual Proudhon, após ter visto em Marx o plagiador, teria realizado a pertinência das suas críticas. Então “ encomodado por demonstrar a sua tese do plágio, por honestidade intelectual, cala-se”. (49) A segunda ideia reside nisto:“Proudhon pensava bem numa resposta (os “carnets” assim o indicam), mas, pouco depois, a revolução de fevereiro de 1848 estalava: empenhado na política, eleito representante do povo, Proudhon, tornado “o homem terror” teve outros adversários a combater, mais próximos e mais perigosos que Marx, o proscrito alemão”(50).É provável que esta hipótese seja a mais sólida.Todavia,tomada como única explicação, não parece ser suficiente. Com efeito, é preciso lembrarmo-nos com que veemência Proudhon declarava ao seu editor, M. Guillaumin:“Recebi o libelo de M. Marx, em resposta à filosofia da Miséria: é um composto de grosserias, de falsificações, de plágios...”(51).Para compreender o silêncio de Proudhon, é necessário talvez transportar-mo-nos ao que ele escreverá, em “De la Justice dans la Révolution et dans l`Eglise”, a propósito da crítica de Léon Walras:“Não me desdobrarei demasiado neste momento sobre a refutação que M. Walras se gaba de ter feito das minhas doutrinas. Eis que há vinte anos que me refutam, e estou sempre presente. Para que uma refutação mereça resposta, é preciso que aquele que refuta tenha primeiramente comprendido a obra que refuta, em seguida que ele conheça o que está em questão na dita obra. Ora, não me parece que M. Walras tenha meditado sobre a natureza dos factos económicos, do mesmo modo que não me fez a honra de me compreender” (52).Parece-me, que os acontecimentos, sociais e pessoais, jogaram um grande papel no silêncio de Proudhon, mas mais ainda que com Walras, há fortes probabilidades que teria respondido pela injúria àquilo que pensava não ser mais que uma calúnia, e não uma refutação crítica. (53)Inversamente, Marx, pelo seu lado, estará sempre à espreita dos menores gestos e escritos de Proudhon. A sua correspondência, como as suas obras mencionam constantemente Proudhon ou o proudhonismo. Parece pois, que se a posição oficial de Marx está para o futuro fixada, os seus sentimentos permanecem menos nítidos. Com efeito, verificamos um certo embaraço, logo que chega a altura de ter que se pronunciar “em privado” sobre Proudhon. Foi nomeadamente o caso quando expôs a Engels o conteúdo de “Idées générales de la Révolution au 19ème siècle” irá limitar-se a um relato fiel, desprovido de toda a crítica, e mostrando-se mesmo sobretudo favorável à obra (“o livro compreende ataques bem torneados ao encontro de Rousseau, Robespierre, a “Montanha”, etc.”) (54) e acaba por um apelo (“ escreve-me com detalhe sobre o que pensas desta receita.”) (55) Será então Engels que, na sua resposta, indicar-lhe-à, com uma certa habilidade, a atitude a observar face a esta obra.(56)Assim, para além dos conflitos de ideias e de influências, Marx experimentou sem dúvidas toda a sua vida uma fascinação relativamente àquele que foi antes de Engels, o seu principal iniciador ao pensamento científico do socialismo (57). E se as suas teorias são inconciliáveis, a marca do pensamento proudhoniano sobre Marx ficará indelével. Proudhon aparecerá em todas as obras críticas, filosóficas ou políticas, de Marx e de Engels, mas será sistematicamente, e sem dúvida significativamente, omitido das suas obras teóricas ( e particularmente n`O Capital) (58).A calúnia marxista não parará nunca “ o burguês intelectual, formado e marcado pelos seus estudos filosóficos nas universidades alemãs” não mostrará mais o menor respeito por “ o grande moralista plebeu” (59). Em 24 de Janeiro de 1865, 5 dias após a morte de Proudhon (60), Marx, num artigo necrológico, continua a atacá-lo ( o proudhonismo permanece no seio da primeira Internacional, um obstáculo à sua autoridade), mas as suas acusações tornam-se menos severas, e subretudo menos sistemáticas, pois concede a Proudhon que “a sua intervenção na Assembleia Nacional, apesar de revelar a sua falta de discernimento, merece todos os elogios. Após a inssurecção de Junho, era um acto de grande coragem. Ela teve, por outro lado, a consequência feliz que M. Thiers, no discurso que ele proporá contra as proposições de Proudhon e que foi publicado de seguida em brochura, mostrar a toda a Europa qual o catechismo puéril servis de pedestal a este pilar espiritual da burguesia francesa. Em comparação com M. Thiers, Proudhon tomava um comportamento de colosso antideluviano”(61).ConclusãoSe a violência da reacção de Marx em relação a Proudhon parece excessiva, pensamos ter contribuído para discernir as causas. Antes de tudo, Marx não tolerava ideias divergentes das suas no que quer que fosse; lembremo-nos, por exemplo, das queixas que foram levadas a formular as suas “vítimas”, de A: Ruge (“ (...) Marx é impelido a todos os excessos; insulta-me em todo o lado com todos os termos, e vem de fazer imprimir o seu ódio (...) incomoda-me taxando-me de “livreiro” e de “burguês”. Eis-nos chegados à inimizade mais mortal, sem que pelo meu lado possa encontrar-lhe outras explicações que o ódio e a demência do meu adversário.”) (62) a K. Schuz (“ Se alguém o contradissesse, tratava-o com um desprezo que dissimulava com dificuldade. Recordo-me ainda do tom de vómito com o qual pronunciava a palavra burguês; era de burguês que tratava toda a gente que se permitia contradizê-lo.”) (63) Marx não foi portanto particularmente severo a respeito de Proudhon, a sua natureza era deste modo feita que ele teve sempre a mesma reacção face a toda a opinião afastando-a do que quer que fosse da sua.A resposta de Marx foi contudo particular, no caso presente, do facto da impulsão primeira e da influência constante que exerce Proudhon sobre o jovem Marx. Este não irá tolerar certamente, após o ter tanto admirado na “Gazeta Renana” e defendido n`”A Sagrada Família” (64), a afronta de Proudhon, resisdindo no triplo facto de divergir das suas proposições ideológicas, de lhe recusar o seu apoio incondicional ( tanto no seio da junta de correspondência, que na eliminação de Grün ) e de utilisar as mesmas armas económicas que ele, mas antes dele, na elaboração do seu socialismo.Politicamente, enfim, devia combater aquele que tinha durante estes últimos anos apresentado como exemplo, como “proletário atingido à consciência de si-mesmo”. O dilaceramento sentimental e a contradição ideológica tomam então igualmente a forma dum combate politiqueiro, estratégico, em que a finalidade era de impor os seus pontos de vista ao conjunto do mundo operário, de se colocar como o mestre a pensar universal do proletariado. O afrontamento de Marx para com Proudhon, se não era desapaixonado, não era, também, inocente. Sentia que lhe fazia “matar o pai”; e tanto mais que Proudhon desempenhava este “papel” não somente com Marx, mas também para com a maior parte dos socialistas franceses e dos refugiados alemãs. Não podemos certamente afirmar como E.Dolléans, que este antagonismo estava agarrado menos “a um conflito de ideias que a uma oposição de estirpe e de temperamento” (65), seria com efeito ocultar a sobredeterminação política de todas as acções de Marx.(66) Os ataques panfletos, os libelos, as calúnias constituíram assim o método marxista de consolidação da sua influência pessoal durante toda a sua vida.(67)Deste modo, a partir de 1844, Marx, ao reencontrar Engels, passou do socialismo filosófico para o materialismo económico, ao socialismo científico (para retomar a expressão de Proudhon que conheceu, pela sua apropriação por Engels, um maoir sucesso), e deste modo, desligou-se dos seus antigos mestres e amigos (Hegel, Bauer, Feuerbach, Grün, Weitling, Hess,...). Estas rupturas não se fizeram sem o espírito táctico do estratega político que formava a dupla Marx-Engels. As críticas estendiam-se de “A Sagrada Família” (Crítica de Bruno Bauer e consortes) à “Miséria da Filosofia” passando pela A Ideologia Alemã (Crítica da Filosofia alemã mais recente na pessoa dos seus representantes Feuerbach, Bruno Baeur e Stirner, e do socialismo alemão na dos seus diferentes profetas). A crítica parecia ser, em Marx, o modo priveligiado de procura da sua identidade, da originalidade da sua “crítica” social (68), e, ao mesmo tempo, o seu principal divertimento. (69)NOTAS1- M. Rubel - “Pages de Karl Marx, pour une éthique socialiste”, t. II: “Révolution et Socialisme”, Paris, Payot, 1970.2- K. Marx - “Rheinische Zeitung”, 6 de Outubro de 1842, Mega I, 1, p.263.3- Nota da redacção atribuída a Marx ( M.Rubel) da “Rheinische Zeitung” de 7 de Janeiro de 1843.4- F.Engels no jornal de Owen: “New Moral World” em 4 de Novembro de 1843, Mega I, 2, p.442.5- K. Marx “carta a Ruge do 13 de Março de 1843”.6- Ruge, que vivia em Paris, empreendeu com Julius Fröbel ( o editor previsto) as diligências junto dos socialistas franceses mas Proudhon estava na altura em Lyon, Pierre Leroux não se apaixonava mais a não ser pela tipografia, Cabet, Considérant e Lamennais recusaram, Lamartine após ter considerado a ideia como “sublime e santa” desmentiu em seguida ter prometido toda a colaboração. Os socialistas franceses estavam ( à excepção de Proudhon) a exemplo de L. Blanc duma maneira geral chocados pelo ateísmo dos alemãs. J.Bruhat “Marx Engels”, Bruxelles, Ed. Complexes, 1970, p. 71.7- O ministério do Interior prussiano declarou que o conteúdo dos “Annales” constituía, “do mesmo modo que pela sua tendência que por numerosas passagens, um crime de alta traição e de lesa majestade”. Citado por Jean Bruhat “Marx Engels”, Bruxelles, Ed. Complexes, 1970, p.80.8- F. Mehring “Karl Marx”, Paris, Messidor, Ed. Sociales, 1983, p.89.9- K. Marx - “Vorwärts”, 7 e 10 de Agosto de 1844, Mega III, p.18.10- “Vorwärts”, semanário alemão publicado em Paris por dois aventureiros mais ou menos espiões: Bornstedt e Börnstein. A equipa radical dos “Annales franco-allemandes” encontrou-se neste semanário para finalmente o dirigir totalmente:“ Desde o 1 de Janeiro de 1844 publicava-se em Paris sob o nome de Vorwärts um pequeno jornal alemão redigido por alguns homens deste partido teutónico que tantas vezes combatemos e batemos. Sonhava em apoderar-me, consegui cedo e imediatamente recomeçei nesta pequena folha a guerra contra o partido antifrançês na Alemanha” ( carta aberta de Bernays, escrita da prisão de “Sainte-Pélagie”, publicada na “Réforme”)11- Se E: Dolléans insiste na simultaneidade dos dois encontros, outros entregam este papel a Moses Hess, e ainda outros pensam que Marx pode contactar directamente Proudhon.12- Partilham, é verdade, a lembrança comum do jovem hegeliano berlinense de 1840-1842. Marx escreverá lembrando-se deste período: “Em 1843-44, eram os aristocratas russos de Paris que estavam nos pequenos cuidados para mim.”, Carta a Kugelmann, de 10 de Outubro de 1868, in “Lettres sur “Le Capital””, Paris, Ed. Sociales, 1964, p.235.13- K. Marx - Carta a Schweitzer, com data de 24 de Janeiro de 1865, publicada no “Socialdemokrat” de 1, 3 e 5 de Fevereiro de 1865, reproduzida em apendice da “Mesère de la Philosophie”, Paris, Ed. Costes, 1950, pp. 216-217.14- Proudhon - “Correspondance de P.J. Proudhon”, Paris, Lacroix, 1874-1875, carta a Bergmann datada de 19 de Janeiro de 1845.15- A escrita de “A Sagrada Família” data de 1843.16- Marx-Engels - “La Sainte Famille”, Paris, Ed. Sociales, 1969, p.42.17- Marx-Engels - “La Sainte Famille”, Paris, Ed. Sociales, 1969, p.43.18- Marx-Engels - “La Sainte Famille”, citada por J. Langlois na “Défense et actualité de Proudhon”, Paris, Payot, 1976.19- F.Raddatz - “K:Marx: une biographie politique”, Paris,Fayard, 1978, p.62.20- Marx-Engels - “La Sainte Famille”, Paris, Ed. Molitor-Costes, 1927, t.I, p.38.21- A: Ruge tinha com efeito escrito a Marx aquando da fundação dos “Annales”: “ Penso que escreveste a Proudhon. De outro modo é necessário decidir-vos a começar sem o françês.” Carta datada do 1 de Dezembro de 1843, Mega I, vol. 1, 2ª parte, pp. 320-321.22- Proudhon - “Carta a Marx de 17 de Maio de 1846”.23 - A posição e Proudhon face à Revolução, concebida como processo violento, variou ao longo de toda a sua vida. Deste modo passará alternadamente do reformismo, À “acção directa” (“ O bastardo adulterino da filha de Josefina, filhos e netos de desavergonhados, inaptos, incapazes, sem virtude de mesmo modo sem vergonha, uma ironia ao nome e ao sangue de Bonaparte (...)Ó cobardes,cobardes franceses! Para mim, há uma maneira de merecer honoravelmente de nos libertar de Luís Bonaparte, é matá-lo. Amaria, louvaria, vingaria aquele que fosse capaz de tal acto”, (“Carnets”, 27-28 de Fevereiro e de 1 de Março de 1852. ( igualmente “Carnets de P.J. Proudhon”; Paris, Ed. Rivière, t. IV, 1974, pp.227-228, “Carnet nª9”, p.41-42)), à “revolução permanente” (“ a esperança de levar pacificamente (...) a abolição do proletariado é uma utopia”; Só o proletariado, “para além de toda a legalidade”, “operando por ele-próprio, sem intermediários”, “pode completar a revolução económica”, “Les confessions d`un révolutionnaire”, citado por G: Gurvitch, “Proudhon, sa vie, son oeuvre”, Paris, P.U.F., 1965).24 - P. Loraux - “Les sous-main de Marx”, Paris, Hachette, 1986, p.68: “A Ideologia Alemã: mencionada por Marx primeiramente sem título como “ dois grossos volumes não publicáveis” (A primeira menção do manuscrito é feita na “Deutsche-Brüsseler Zeitung” de 8 de Abril de 1847; por outro motivo o prefácio de 1859 à Contribuition à la critique de l`économie politique). Notar-se-à que , na história da edição destes manuscritos, o texto, muitas vezes publicado sob títulos parciais, só recebe tardiamente, em 1926 com Riazov, o título canónico que barca todo o manuscrito ( M. Rubel, “Oeuvres de Marx”, Paris, N.R.F., Bibliothèque de La Pleiade, t.III pp. 1044-1047).”25 - K. Marx - “Carta a Wedemeyer”, 13 de Maio de 1846.26 - F. Engels copiou o primeiro manuscrito de “A Ideologia Alemã” durante o Verão de 1846 na esperança do fazer publicar aquando da sua vinda a Paris, no dia 15 de Agosto de 1846.27 - K. Marx - Ora Owen, que representa o comunismo inglês, pode personificar o comunismo nada menos que o não-comunista Proudhon,...”, nota de rodapé suprimida no manuscrito da “Ideologia Alemã” ( Paris, Ed. Sociales, 1976, p.210).28 - K. Marx - Este fundo, onde se pode encontrar, a não ser na ideia por exemplo, no clericarismo etc. de Robespierre, por exemplo, de Saint-Just, etc., de George Sand, Proudhon,...”, “ A Ideologia Alemã” , Paris, Ed. Sociales, 1976, p. 171.29 - K.Marx- “ Proudhon disse tudo isto bem antes de M: Grün e infinitamente melhor, sem ter somente aflorado o fundo da questão.”, “A Ideologia Alemã”, Paris, Ed. Sociales, 1976, p. 524.30 - K. Marx - “ A ideologia Alemã”, Paris, Ed. Sociales, 1976, p. 364.31 - K. Marx - “A Ideologia Alemã”, Paris, Ed. Sociales, 1976, pp. 544-545; é precisamente o que fará na “Misère de la Philosophie” cujas passagens importantes residem mais sobre uma crítica da dialéctica hegeliana que sobre a de Proudhon.32 - Marx e Engels realizaram desde a “Sainte Famille” o que podia separá-los de Proudhon. É deste modo que fazem uma distinção entre o “Proudhon crítico”, que é o Proudhon místico, moralista, positivista, e logo, idealista, e o “ verdadeiro Proudhon”.P. Haubtmann, em “ Marx et Proudhon, leurs rapports personnels 1844-1847”, coloca, de maneira particularmente clara, a evidente oposição entre estes “dois Proudhon”, oposição que oculta “ o abismo que separa a concepção espiritulista do mundo da dialéctica materialista, abismo que, desde 1845, opunha o humanismo feuerbachiano e o materislismo histórico de Marx” (p. 43). Vemos, nesse caso, como o “verdadeiro Proudhon” não podia ser, para Marx, senão aquele que “ declara que não persegue fins científicos abstractos, mas formula em direcção da sociedade, reivindicações imediatamente práticas”, e portanto “ quem se ocupa da prática francesa da massa, fala sobretudo de conspiradores, em seguida de arruaceiros”, “La Sainte Famille”, Paris, Ed. Molitor-Costes, 1927, pp. 40-41.33 - F. P. Levy - “Karl Marx: Histoire d`un bousgeois allemand”, Paris, Grasset, 1976; F. Raddatz “Karl Marx: une biographie politique”, Paris, Fayard, 1978;...34 - Engels não chegou nunca a desistir do tom arrogante, desdenhoso ou condescendente, que partilhava com Marx, e que aparecia na sua correspondência íntima. Carta a Marx de 23 de Outubro de 1846: “ Quanto aos Straubingers daqui, penso vencer. Estes espertalhões são duma ignorância crassa, é verdade...”, ou ainda, p. 144 (Correspondance, t. I): “ O Weitlingismo e o proudhonismo são verdadeiramente a expressão completa destes burros...”35 - Será aliàs Eisermann que advertirá Proudhon do aparecemento de “Misère de la Philosophie” numa carta datada de 13 de Outubro de 1847.36 - “ A discussão terminou deste modo: a reunião, por 13 vozes contra 2 grüniens, aceitou a definição de Engels. Cerca de vinte artesãos marceneiros frequentavam estas reuniões. Deste modo em Paris, hà 67 anos, se punha as bases do partido social-democrata da Alemanha.” Lenine, “Oeuvres”, Paris Moscou, t. 19, p. 598, e “ A propos de la France”, Ed. du Progrès, Moscou, 1970, p. 218. Apesar da fraca representatividade deste voto, esta citação de Lenine faz-nos medir a sua importância política, e devido a isso explica o orgulho ostentado por Engels após este voto nas suas cartas, ao comité de Bruxelas e a Marx.37 - Esta carta só foi tornada pública em 1912, numa compilação aparecida em S. Petersburgo, e em seguida no “Movimento Socialista” em 1913.38 - Desde o seu primeiro livro, em 1843, “Esboço duma crítica da Economia Política” Engels, tinha-se interessado neste domínio. É por isso que tudo leva a pensar com P. Haubtmann, e conforme a Engels, que Proudhon e Marx se entretinham igualmente de “questões económicas” a Paris.39 - F. Engels - “Correspondance”, t.I, p. 355.40 - Marx anunciava no dia 1 de Agosto de 1846 a propósito da sua própria obra de economia: “ O primeiro volume, revisto e corrigido, estará pronto para impressão no fim de Novembro. O segundo volume que é mais histórico pode-se seguir rapidamente”. ( somente fragmentos foram conservados, e foram publicados em françês em 1962 sob o título de “Manuscrits de 1844”, ed. Sociales), “Carta a Leske” ( editor de Darmstadt), 1 de Agosto de 1846, “Cartas sobre “O Capital””, Paris, Ed. Sociales, 1964, pp. 22-23.41 - F. Engels - Carta de 19 de Setembro de 1846 ao Comité de Bruxelas ( citado no prefácio de H. Mougin à “Misère de la Philosophie”, Paris, Ed. Sociales, pp. 18-19).42 - É de sublinhar que o “Système des contradictions économiques” será editado por Guillaumin, o editor dos economistas, fundador do jornal dos economistas (1841) e da sociedade de economia política (1842).43 - K. Marx - Carta de Dezembro de 1846 a Annenkov ( citado em “Cartas sobre “O Capital””, Paris, Ed. Sociales, 1972, pp. 26 e segs.)44 - Podemos distinguir, com M. Rubel, no seu livro três temas principais, tratados da seguinte ordem: a teoria do valor, os métodos da economia política, o movimento operário (M. Rubel “Karl Marx, Essai de biographie intellectuelle”, Paris, Ed. Rivière, 1971, p. 222).45 - M. Rubel - “Oeuvres de Karl Marx”, Paris, N.R.F. Bibliothèque de La Pleiade, 1963, “Economie”, t. I, fixadas e anotadas pelo “marxologo” M. Rubel:“ Ele ( Proudhon) não ignora a origem da mais valia. Antes mesmo de Marx a tenha pensado, ele aborda o seu objecto pelo tema que será também o tema primeiro do Capital...”, p. 1545 (p. 20); ou ainda “ Proudhon descobriu a mais-valia, e Marx é ainda aqui o seu devedor...”, p.1548 (p. 33), “ Se fizermos abstracção da diferença de vocabulário, aperceberno-emos que a concepção marxiana de progresso (...) nada é sem a afinidade com a filosofia do progresso delineada por Proudhon (...) Uma mesma certeza aproxima o doutor em título do autodidacta. Ver, deste último, o capítulo sobre “a balança do comércio”, onde Marx não encontrou muito a redizer”, p. 1549 (p. 36) ; Outros autores estabeleceram, com a mesma acuidade e em demonstrações mais impulsivas, a influência profunda das noções proudhonianas na conceptualização marxista, como é o caso dos comentadores de Proudhon ( P.Haubtmann, G. Gurvicht, P. Ansart, J. Bancal, J. Langlois...) mas também marxistas ( E. Berstein...).46 - Marx procurará a síntese onde Proudhon procurava o equilíbrio. 47- “ Proudhon, qu`on aurait pas cru si habile, sentit tout l`avantage que lui donnait l`obscurité de son terrible contradicteur, et lui, qui était si prompt à la polémique et à l`invective, ne répondit pas à Marx, qui continua à être ignoré du grand public français. Cela dura longtemps ( jusqu`à la commune)”.B. Malon - “K. Marx et Proudhon”, Paris, La Revue Socialiste, 15 de Janeiro de 1887, p. 15 e seguintes.48- “ s`il s`est tu, c`est peut-être parce que la réponse tout à fait honnête lui était difficile à donner, et qu`il répugnait d`engager, sur un sujet qui intéressait tout l`avenir du socialisme, une rixe de portefaix”.D. Halevy - “ Proudhon-Marx”, Paris, La revue Socialiste, p. 51-52.49- “ gêné pour démontrer sa thèse du plagiat, par honnêteté intellectuelle, il se tait”Haubtmann - “Marx et Proudhon, leurs rapports personnels, 1844-1847”, Paris, revue Economie et Humanisme, 1947, p. 97.50- “ Proudhon songea bien à une riposte ( les carnets l`indiquent), mais, peu après, la Révolution de février 1848 éclatait: engagé dans la politique, élu représentant du peuple, Proudhon, devenue “l`homme terreur” eut d`autres adversaires à combattre, plus proches et plus dangereux que Marx, le proscrit allemand”.Haubtmann - “Marx et Proudhon, leurs rapports personnels, 1844-1847”, Paris, revue Economie et Humanisme, 1947, p. 97. Ao seu mandato eleitoral juntam-se outros acontecimentos longe desta querela, nomeadamente, a morte de sua mãe ( 17 de Dezembro de 1847 ou seja um pouco mais dum ano após o falecimento do seu pai (30 de Março de 1846), “ Eis-me sózinho, sofrivelmente, desafeiçoado, desiludido, enfastiado (...) “) e da sua tia.51- “ J`ai reçu le libelle de M. Marx, en réponse à Philosophie de la Misère: c`est un tissu de grossièretés, de falsifications, de plagiats...”Proudhon - “Correspondance de P.J.Proudhon”, Paris, Lacroix, 1874-1875, “Lettre du 19 Septembre 1847 à M. Guillaumin”.52- “ Je ne m`étendrai pas davantage en ce moment sur la réfutation que M. Walras se flatte d`avoir faite de mes doctrines. Voilà vingt ans qu`on me réfute, et je suis toujours là. Pour qu`une réfutation mérite réponse, il faut que celui qui réfute ait d`abord compris l`ouvrage qu`il réfute, ensuite qu`il connaisse ce dont il est question dans le dit ouvrage. Or, il ne me paraît point que M. Walras ait médité la nature des faits économiques, bien moins encore qu`il m`ait fait l`honneur de me comprendre”.Proudhon - “De la Justice dans la Eévolution et dans l`Église”, Paris, ed.Rivière, t.II, 1931, p. 150.53- Proudhon - “Carnets de P.J.Proudhon”, Paris, ed. Rivière, t.II, 1961, p.290 (Carnet 6, p. 110, 20 de dezembro de 1847)“Contradições económicas. -- todos os que falaram até aqui fizeram-no com uma suprema má fé, vontade, ou estupidez.Ch. Marx, - Molinari, - Vidal, Universos religiosos; revista de Buchez et Ott; -Revista enciclopédica; Cabet; - (P. Leroux e a democracia pacífica calam-se).”“ Contradictions économiques. -Tous ceus qui en ont parlé jusqu`icil`ont fait avec une sûpreme mauvaise foi, envie, ou bêtise.Ch. Marx, - Molinari, - Vidal, - Univers religieux; Revue de Buchez et Ott; -Revue encyclopédique; Cabet; - ( Pierre Leroux et la démocratie pacifique se taisent).”Podemos aliàs, a respeito da “Misére de la Philosophie”, comprender a reacção proudhoniana; com efeito:“ Estranha maneira de arranjar a vítima (...) Marx começa por talhar bocados numa página de Proudhon, mas omite duas vezes os pontos de suspensão. Metemos isso na conta da neglecência. Mas a última alínea é retirada do capítulo sobre a concurrência, impressa a cem páginas de lá, e completamente estranha à questão debatida. Não é tudo: nessa mesma alínea, Proudhon ataca o “comunista” que muda em “economista”...”“ Étrange façon d`arranger la victime (...) Marx commence par tailler des morceaux dans une page de Proudhon, mais omet deux fois les points de suspention. Mettons cela au compte de la négligence. Mais le dernier alinéa est tiré du chapitre sur la concurrence, imprimé à cent pages de là, et tout à fait étranger à la question débattue. Ce n`est pas tout: dans ce même alinéa, Proudhon s`attaque au “comuniste” (qui) change en “économiste”...”M.Rubel-- “Oeuvres de Karl Marx”, Paris, N.R.F., Bibliothèque de La Pleiade, 1963, “Economie”, t.I, estabelecidos e anotados por M. Rubel, p.1548, p. 31.( ver igualmente D.Meillier, “Poudhon et Marx: De “Philosophie de la Misère” à “Misère de la Philosophie”, D.E.A., Université Paris I, Nov. 1990.)54- “Le livre comprend des attaques bien tournées à l`encontre de Rousseau, Robespierre, la “Montagne”, etc.”K. Marx - “Lettre à Engels du 8 Août 1851”, “Sur l`anarchisme et l`anarcho-syndicalisme”, Moscou, Ed. du Progrés, 1982, p.35.55- “ Ecris moi en détail ce que tu penses de cette recette.”K. Marx - “Lettre à Engels du 8 Août 1851”, “Sur l`anarchisme et l`anarco-syndicalisme”, Moscou, Ed. du Progrés, 1982, p.41.56- F. Engels - “Lettre à Marx du 21 Août 1851”, “Sur l`anarchisme et l`anarco-syndicalisme”, Moscou, ed. du Progrés, 1982, pp. 42-43.Engels apresenta as suas críticas como emanadas do próprio Marx, em seguida retoma as passagens que perturbavam mais Marx como provindo duma recuperação, duma apropriação por Proudhon do que Marx vinha de publicar no “O Manifesto do Partido Comunista” ( que, seja dito em abono da verdade, nunca foi lido por Proudhon).57-Bertrand - “P.J.Proudhon et les lyonnais”, Paris, Alphonse Picard, 1904, p.32:“Esta desenvoltura de mau gosto na difamação sucedendo ao exagero nos elogios e na adulação só por si faria suspeitar no empréstimo e no plágio”.“ Cette désinvolture de mauvais goût dans le dénigrement succédant à une exagération dans les éloges et la flatterie ferait à elle seule soupçonner l`emprunt et le plagiat”.58- O facto que Proudhon foi totalmente excluído do “O Capital” após a 1ª edição, reforça esta tese.59- “ le bourgeois intellectuel, formé et marqué par ses études philosophiques dans les Universités allemandes”“le grand moraliste plébéien”E. Dolleans - “ La rencontre de Proudhon et de Marx (1843-1847), Paris, Revue d`Histoire Moderne, 1936, pp. 24-25.60- 19 de Janeiro de 1865.61- “ son intervention à l`Assemblée nationale, bien qu`elle révèle son manque de discernement, mérite tous les éloges. Après l`insurrection de Juin, c`était un acte de grand courage. Elle eut, en outre, pour conséquence heureuse que M. Thiers, dans le discours qu`il proposa contre les de Proudhon et qui fut publié ensuite en brochure, montra à toute l`europe quel catéchisme puéril servait de piédestal à ce pilier spirituel de la bourgeoisie française. En comparaison de M. Thiers, Proudhon prenait des allures de colosse antédiluvien.”K. Marx - “Lettre à Schweitzer du 24 Janvier 1865” , publicada no “Sozialdemokrat” em 1, 3 e 5 de Fevereiro de 1865, reproduzida em apêndice da “Misère de la Philosophie”, “Oeuvres complètes de Karl Marx”, Paris, Ed. a. Costes, 1950.62- “ (...) Marx est porté à tous les excès; il m`insulte partout dans tous les termes, et viens de faire imprimer sans scrupules sa haine (...) il me harcèle en me taxant de “libraire” et de “bourgeois”. Nous voilà donc arrivés à l`inimitié la plus mortelle, sans que pour ma part je puisse lui trouver d`autres explications que la haine et la démence de mon adversaire.”A.Ruge - “Lettre à Fröbel”, citado por F.Daddatz, “Karl Marx, uma biografia política”, Paris, Fayard, 1978, p.61.63- “ Si quelqu`un le contredisait, il le traitait avec un mépris qu`il dissimulait à peine. Je me souviens encore du ton de vomissement avec lequel il prononçait le mot bourgeois; c`était de bourgeois qu`il traitait toute personne qui se permettait de le contredire.”K.Schuz - citado por D.Halévy em “La jeunesse de Proudhon”, Paris, ed. Stock, 1948.64- Relembremos o facto que cerca de 60 páginas são consacradas a Proudhon neste livro (trad. Costes - Molitor, t.II, pp. 37-94).65- “ à un conflit d`idées qu`à une opposition de race et de tempérament”E.Dolleans - “La rencontre de Proudhon et de Marx, 1843-1847”, Paris, Revue d`Histoire moderne, 1936, p.9.66- B.Voyenne - “Proudhon et Marx: Quel socialisme”, Paris, Revue: Itineraire, 1990, p.23:“Logo que em 1870 estala a guerra franco-alemã por motivos ganhos e perdas nos quais a revolução não tinha evidentemente nada a ver- eis com efeito qual é a recção íntima de Marx, expressa numa carta ao seu confidente permanente: “Os franceses têm necessidade de serem sovados. Se os Prussianos forem vitoriosos, a centralização do poder de Estado será útil à centralização da classe operária alemã.A preponderância alemã, além disso, transportará o centro do movimento europeu de França para a Alemanha (...). A preponderância sobre o teatro do mundo do proletariado alemão sobre o proletariado francês seria ao mesmo tempo a preponderância da nossa teoria sobre a de Proudhon” (Carta à Engels, tomo IV, p. 339)”.“Lorsqu`en 1870 éclate la guerre franco-allemande -pour des motifs et des enjeux dans lesquesls la révolution n`avait évidemment rien à voir- voilà en effet quelle est la réaction intime de Marx, exprimée dans une lettre à son confident permanent: “ Les français ont besoin d`être rossés. Si les Prussiens sont victorieux, la centralisation du pouvoir de l`Etat sera utile à la centralisation de la classe ouvrière allemande. La prépondérance allemande, en outre, transportera le centre du mouvement européen de France en Allemagne (...). La prépondérance sur le théâtre du monde du prolétariat allemand sur le prolétariat français serait en même temps la prépondérance de notre théorie sur celle de Proudhon” “67- É deste modo que Marx e Engels acusarão os seus adversários de ser pequeno burgueses reaccionários ou ferão correr diversos ruídos, em breve pelo rumor ( Engels anunciará aos parisienses (em 1846) que Moses Hess era sifilítico) ou então através dos seus jornais:“ No que respeita a propaganda eslava, asseguraram-nos ontem que George Sand está em poder de papéis e de documentos que comprometem gravemente M.Bakunine, o russo proscrito de França, e estabelecem que ele é um instrumento da Rússia ou um agente recentemente entrado ao seu serviço, e que é necessário torná-lo responsável em grande parte da prisão dos infelizes polacos.” “Neue Rheinische Zeitung”, 6 de Julho de 1848, citado em: A.Lehning “Michel Bakounine et les autres”, Union Generale D`Éditions, 1976, p.134.“ En ce qui touche la propagande slave, on nous a assuré hier que George Sand est en possession de papiers et de documents qui compromettent gravement M. Bakounine, le russe proscrit de France, et établissent qu`il est un instrument de la Russie ou en agent nouvellement entré à son service, et qu`il faut le rendre responsable en grande partie de l`arrestation des malheureux polonais.”68- J.Y.Calvez - “La pensée de Karl Marx”, Paris, Ed. du Seuil, 1970, p.22:“ Pouco a pouco esta crítica precisa-se.Ela exerce-se sobre objectos novos. Ela despoja o subjectivismo idealista que a inspirava primeiramente.Mas não fez mais que ser mais radical”.“Peu à peu cette critique se précise. Elle s`exerce sur des objets nouveaux. Elle dépouille le subjectivisme idéaliste qui l`inspirait d`abord. Mais elle ne s`en fait que plus radicale.”69- F.Engels- “Carta a Marx de 19 de Novembro de 1844”:“ Entretanto, irei escrever de boa vontade alguns folhetos, em particular contra List (...)”“ Entre-temps, j`écrirais volontiers quelques brochures, en particulier contre List (...)”