No Fim de mais um Glorioso Ano momentos de dentro
"Os grandes só parecem grandes, porque estamos ajoelhados"
Proudhon
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Os lucros do sector bancário português elevaram-se a 883 milhões de euros no primeiro semestre deste ano, segundo o boletim informativo da Associação Portuguesa de Bancos divulgado à poucas semanas.
O resultado bruto de exploração das 49 instituições incluídas na amostra atingiu os 1547 milhões de euros e o produto bancário cifrou-se nos 3530 milhões de euros.
A ABP realça que, por falta de valores homólogos de 2004, na sequência da introdução das novas normas contabilísticas internacionais, os valores apresentados não são comparados e não há uma interpretação evolutiva.
O activo líquido do sector somava a 267.000 milhões de euros no final de Junho, para um crédito a clientes de quase 169.000 milhões de euros.
Os recursos de clientes, de 112.879 milhões de euros, e as responsabilidades representadas por títulos, no valor de 31,7 mil milhões de euros, mantiveram-se como os principais meios de financiamento da actividade dos bancos, representando no conjunto mais de 54 por cento do total do activo.
Na estrutura do balanço do sector é evidenciada a importância do crédito concedido, ao atingir 63,3 por cento do activo líquido, enquanto os recursos captados junto de clientes ficaram nos 42,3 por cento.
No crédito concedido, o segmento que mais subiu 7,7 por cento, foi o dos particulares, o que poderá justificar a redução do rácio relativo ao crédito de cobrança duvidosa, para 1,9 por cento.
Nos principais indicadores de estrutura financeira, a APB realça que se mantém o perfil, com uma predominância do peso do crédito no activo, 61,39 por cento, e a insuficiência dos recursos de clientes para fazer face ao volume do crédito concedido (114,16 por cento).
O rácio de solvabilidade para o conjunto das 49 instituições analisadas situou-se nos 9,73 por cento.
No que respeita a indicadores económicos, a APB salienta o valor da margem financeira, de 1,63 por cento, a margem de negócio, de cerca de 2,94 por cento, e o rácio que traduz o peso dos custos no produto, que estava acima dos 56 por cento no final do semestre.
Até Junho de 2005 e comparando com um ano antes, o sector bancário em Portugal empregava menos 800 pessoas, totalizando 41.273 funcionários, mas existiam mais 96 balcões, ou seja uma rede de 4061 balcões.
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Em 2004 os lucros líquidos das 500 maiores empresas em Portugal somaram 3.111 milhões de euros (623,7 milhões de contos), tendo aumentado 42,1% relativamente a 2003. Se se considerar o período 2001-2004, o aumento dos lucros destas empresas atingiu 86,7%. Estes dados mostram que a crise económica não está a afectar as maiores empresas, revelando-se até como anos dourados — contrariamente ao que sucede com as pequenas e médias empresas.
Este aumento de lucros tem-se verificado simultaneamente com um aumento menor de vendas e de crescimento do VAB (riqueza criada). Por exemplo em 2004, os lucros cresceram 42,1%, as vendas 7,1% e o VAB 21,3%. Aquele crescimento dos lucros parece ter sido conseguido fundamentalmente pela redução da percentagem do VAB destinada ao pagamento de impostos ao Estado e ao pagamento de remunerações aos trabalhadores.
Em 2004, cerca de 15% de toda a riqueza criada no nosso País já era controlada pelas 500 maiores empresas e verificou-se uma tendência continua de aumento ao longo dos últimos 4 anos. Efectivamente, entre 2001 e 2004, o VAB destas 500 empresas aumentou de 16.080 milhões de euros para 18.554 milhões de euros. E em 2004 elas absorviam apenas 6,1% da população empregada.
Em 2004 a Autoeuropa — uma das maiores empresas a funcionar em Portugal — continuou a não divulgar dados de natureza económica e financeira. Em 1999, os lucros da Autoeuropa haviam atingido 12,3 milhões de contos e, em 2000, cerca de 16,2 milhões de contos — portanto aumentaram 32,5% apenas num ano. A partir de 2000 a Autoeuropa deixou de divulgar dados de natureza económica e financeira. Pouco depois ela impôs um congelamento de salários aos seus trabalhadores por 3 anos, que se prolonga até Setembro de 2005, determinando uma redução do poder de compra salarial da ordem dos 8%.
Mesmo em relação às estruturas representativas dos trabalhadores da Autoeuropa, a empresa tem dito que são dados confidenciais, violando a lei portuguesa (artº 503 do Código do Trabalho e artº 358 da Lei 35/2004). É evidente que, ao ocultar aquilo que outras empresas a funcionar em Portugal, (inclusive estrangeiras) divulgam todos os anos, a Autoeuropa levanta suspeitas na opinião pública e viola a lei. Enquanto toda a gente é mandada a apertar o cinto, as 500 maiores empresas viram os seus lucros líquidos crescer em 42,1% (quarenta e dois vírgula um por cento) num só ano mais precisamente em 2004, relativamente a 2003.
E não me lembro de um único comentador, economista, jornalista ou tecnocrata referir esse facto. Certos comentadores dizem que não é possível aumentar mais as receitas porque já se tinha ido buscar tudo o que era possível buscar. É praticamente um axioma que não se pode aumentar mais os impostos. Mas então se as empresas têm um aumento de lucros de 42,1%, não podem pagar mais? O problema é que esse aumento de lucro verifica-se exactamente por causa da diminuição dos encargos com os trabalhadores e com os impostos, não é à custa do aumento da produção. Ou seja, à custa da fuga aos impostos através dos paraísos fiscais, despedimentos, deslocalizações, etc.
E depois temos outros comentadores que acham que só se sai da crise diminuindo as despesas do Estado. Acontece que aquilo que são despesas para o Estado, são receitas para nós. Nós entregamos cerca de metade da riqueza que produzimos ao Estado e o Estado devolve-nos parte desse dinheiro em forma de cuidados de saúde, estradas, escolas, etc. Parece que a população e as suas ambições monetárias são um empecilho para o progresso do país. Como se o país não fosse constituído por pessoas. Quer dizer, hoje temos que lixar a classe média, amanhã vamos lixar a classe baixa (aumentar a idade da reforma, obrigar os reformados a pagar mais IRS, etc) e assim acabamos por lixar todo o país (ou quase). Então e a classe alta? Então e os donos das tais 500 maiores empresas cujos lucros líquidos cresceram 42,1% num só ano? Vamos todos apertar ainda mais o cinto para que esses consigam ter um aumento ainda maior dos lucros?
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Os políticos prometeram que a Expo 98 se pagaria a ela mesma...
Mas, nas bocas dos políticos, as palavras adquirem um significado muito especial.
A Expo 98 deu prejuízo e o empreendimento imobiliário megalomaníaco de luxo, chamado “Parque Expo” também está a dar... Porém, com a engenharia contabilista, vamos assistir ao milagre do empreendimento da Parque Expo tornar-se lucrativo!
Como? Se dá lucro é sempre à custa de alguém – uma pessoa ou entidade.
Neste caso, será a Câmara Municipal de Lisboa e, consequentemente, os seus munícipes, em especial os mais pobres... A Parque Expo “vende” à CML as “externalidades", que ela própria – Parque Expo- avaliou em biliões . Sob esse nome esquisito esconde-se a exploração de arruamentos, de parques automóveis e da ‘marina’ deserta...um erro tremendo pois a acumulação de aluviões impede que funcione como tal! Estas coisas só dão e darão prejuízos toda a gente o está já a ver de antemão. Mas a Câmara Municipal de Lisboa aceita o negócio! Um triste negócio, nada mais que uma cobertura do défice monstruoso da “Expo” e o assumir de custos e prejuízos permanentes, assegurando assim a “rentabilidade” da exploração do Centro Comercial Vasco da Gama, do imobiliário, etc.
Ou seja; a Parque Expo fica com os lucros e a CML com os prejuízos!
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O Governo socialista espanhol abriu este ano a possibilidade de cada cidadão se inscrever gratuitamente num domínio na internet. Isto em termos de futuro, e numa perspectiva de desenvolvimento da sociedade tecnológica, representa tanto como abrir gratuitamente uma grande auto-estrada que possa pôr em rede eficaz toda a Espanha e o mundo.
Os espanhóis correram de imediato para os computadores para poderem inscrever-se a tempo nesta iniciativa do Governo, aliás numa atitude premonitória do que acontecerá em breve na União Europeia. Na manhã de quarta-feira, 300 mil cibernautas tinham-se já registado. Um sucesso e um sintoma de que os cidadãos e as empresas em Espanha há muito assumiram que não se vai a nenhum lado sem as ferramentas que hoje permitem negócios directos, difusão de cultura e saber, comunicação.
O engenheiro Sócrates, que durante a campanha eleitoral fez duas promessas memoráveis - não aumentar os impostos e provocar um choque tecnológico no país -, parece que afinal trocou o choque pelo aumento dos impostos e deixou a tecnologia para a semana dos nove dias.
O aumento dos impostos não é mesmo virtual, é um verdadeiro choque eléctrico e as promessas de promover a sociedade do desenvolvimento transformou-se numa ridícula dedução no IRS para quem compre um computador para a família de modo a aguentar um prazo final sem validade. Convenhamos que, para quem tinha um programa tão ambicioso para as novas tecnologias, não está mal!
A verdade é que o preço do acesso à banda larga em Portugal é uma afronta à economia das famílias, com as operadoras a praticarem preços muito acima da média europeia, como aliás também acontece com as chamadas nos telemóveis. A informatização dos serviços do Estado está longe de ser eficaz e as escolas com internet e ambiente digital, habituando os jovens a conviver com o computador, são muito poucas.
Hoje, a utilização aberta das grandes estradas da informação é tão importante, ou mais, do que as Scut gratuitas que todos andamos a pagar ou do que o TGV e o aeroporto da Ota, que em breve nos começará a sair dos bolsos. Não estou a ver um espanhol a querer vir a Lisboa por haver TGV ou um turista a preferir Lisboa por finalmente ir ter um aeroporto a uma hora de Lisboa e 50 euros de táxi, ou seja, o dobro do que se paga entre Barajas e o centro de Madrid. Mas já imagino uma empresa vizinha a ter negócios e interesses com congéneres portuguesas que oferecem excelentes possibilidades de trocas em rede. A verdadeira auto-estrada para o futuro. O contrário das promessas virtuais de Sócrates.
“Ser guardado à vista, inspeccionado, espionado, dirigido, legislado, regulamentado, parqueado, doutrinado, predicado, controlado, calculado, apreciado, censurado, comandado, por seres que não têm nem o título, nem a ciência, nem a virtude (...). Ser governado é ser, a cada operação, a cada transacção, a cada movimento, notado, registrado, recenseado, tarifado, selado, medido, cotado, avaliado, patenteado, licenciado, autorizado, rotulado, admoestado, impedido, reformado, reenviado, corrigido.
É, sob o pretexto da utilidade pública e em nome do interesse geral, ser submetido à contribuição, utilizado, resgatado, explorado, monopolizado, extorquido, pressionado, mistificado, roubado; e depois, à menor resistência, à primeira palavra de queixa, reprimido, multado, vilipendiado, vexado, acossado, maltratado, espancado, desarmado, garroteado, aprisionado, fuzilado, metralhado, julgado, condenado, deportado, sacrificado, vendido, traído e, no máximo grau, jogado, ridicularizado, ultrajado, desonrado.
Eis o governo, eis a justiça, eis a sua moral!”
Proudhon
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