EDITORIAL 2
Poder-se-ia falar duma certa euforia que está a atacar alguns sectores da sociedade europeia devido a um conjunto de vitórias eleitorais que a chamada esquerda conseguiu embolsar. Algumas trapalhadas “bem intencionadas” com que se pretende gerir a realidade capitalista. O caso mais significativo, para além da França, onde o Partido Socialista voltou ao poder após um curto interregno e sobre o qual não é necessário, para já, tecer outros comentários visto que ainda está bem presente o que foi a sua triste governação, é a Grã-Bretanha, onde o Partido Trabalhista voltou também ao poder, mas somente dezoito anos após a sua última estadia. Não deixa de ser curioso que pequenos apartes podem nestas coisas desempenhar um papel mais do que importante.
Lembramo-nos bem que durante toda a campanha eleitoral falou-se muito em partido das pessoas e muito pouco em partido dos trabalhadores. O actual primeiro ministro inglês repetidamente falava no “new Labour”e não, simplesmente, no “Labour party”. A realidade encarregar-se-à de mostrar que se trata dum partido “no Labour”.Talvez por isso, o “nosso” primeiro ministro tenha vindo a correr a dizer que entre o partido Trabalhista e o partido Socialista, havia “identidade de pontos de vista”.E isto apesar da Inglaterra continuar a vender aviões à Indonésia. Talvez por isso o primeiro ministro “trabalhista” seja sócio da Amnistia Internacional. Algumas trapalhadas “bem intencionadas” com que se pretende gerir a realidade capitalista.
No nosso pequeno mundo há a destacar a aprovação do imposto directo sobre a Educação, vulgo propinas, possibilitando a que estudantes oriundos de meios pobres possam assim com a maior das facilidades,
levarem a cabo os seus estudos, o que está de acordo com a gratuitidade do ensino presente na Constituição.Tenha-se em atenção a rapidez com que esta lei irá ser implementada por oposição à lei da semana de trabalho de 40 horas, que após mais de seis meses de existência, continua a levantar interpretações divergentes entre trabalhadores e entidades patronais, e agora até serve de justificativo para se fecharem empresas. O sistema judicial é um dos pilares mais importantes do sistema capitalista e da sua lógica. Veja-se como na Madeira a ditadura Jardineira põe e dispõe e volta a trocar os dados, em relação aos clubes de futebol, apesar da fúria legítima e sincera dos sócios. O sistema judicial está omnipresente sem interferir. Interfere, para condenar os crimes dos skinheads não percebendo que a situação merece e necessita uma atitude substancialmente diferente. Algumas trapalhadas “bem intencionadas” com que se pretende gerir a realidade capitalista.
Mas a grande bomba política das últimas semanas foi a chamada “crise política” que girou à volta da então provável apresentação da lei do financiamento local. Sabemos perfeitamente da hipocrisia subjacente ao acto da oposição maioritária, que nunca apresentou nos dez anos anteriores semelhante proposta, e se voltar a ser poder, fará naturalmente ouvidos moucos, justificando-se com uma alteração da conjuntura. Mas sabemos também da hipocrisia do governo que com a sua atitude extremada, de ou tudo ou nada, querer inclusivamente, com a ameaça de eleições antecipadas, jogar o seu futuro político. Porque é isso que está em jogo. Porque é isso que verdadeiramente interessa ao governo. Isso e só isso. O que está em jogo com a lei do financiamento local, é monetariamente falando cerca de cento e cinquenta milhões de contos. Não é mais do que o valor do descalabro entre as previsões iniciais do custo da Expo 98 e o valor presente. Algumas trapalhadas “bem intencionadas” com que se pretende gerir a realidade capitalista.
O que incomoda o Estado, este ou qualquer outro, independentemente do primeiro ministro ser do tipo ectomórfico ou do presente tipo endomórfico, é que com a transferência de poderes, nomeadamente económicos, para os municípios, fica com o seu poder alterado no status quo dos diversos poderes, e isso representa um risco que o Estado considera demasiado elevado, independentemente da cor partidária que o habita...
Poder-se-ia falar duma certa euforia que está a atacar alguns sectores da sociedade europeia devido a um conjunto de vitórias eleitorais que a chamada esquerda conseguiu embolsar. Algumas trapalhadas “bem intencionadas” com que se pretende gerir a realidade capitalista. O caso mais significativo, para além da França, onde o Partido Socialista voltou ao poder após um curto interregno e sobre o qual não é necessário, para já, tecer outros comentários visto que ainda está bem presente o que foi a sua triste governação, é a Grã-Bretanha, onde o Partido Trabalhista voltou também ao poder, mas somente dezoito anos após a sua última estadia. Não deixa de ser curioso que pequenos apartes podem nestas coisas desempenhar um papel mais do que importante.
Lembramo-nos bem que durante toda a campanha eleitoral falou-se muito em partido das pessoas e muito pouco em partido dos trabalhadores. O actual primeiro ministro inglês repetidamente falava no “new Labour”e não, simplesmente, no “Labour party”. A realidade encarregar-se-à de mostrar que se trata dum partido “no Labour”.Talvez por isso, o “nosso” primeiro ministro tenha vindo a correr a dizer que entre o partido Trabalhista e o partido Socialista, havia “identidade de pontos de vista”.E isto apesar da Inglaterra continuar a vender aviões à Indonésia. Talvez por isso o primeiro ministro “trabalhista” seja sócio da Amnistia Internacional. Algumas trapalhadas “bem intencionadas” com que se pretende gerir a realidade capitalista.
No nosso pequeno mundo há a destacar a aprovação do imposto directo sobre a Educação, vulgo propinas, possibilitando a que estudantes oriundos de meios pobres possam assim com a maior das facilidades,
levarem a cabo os seus estudos, o que está de acordo com a gratuitidade do ensino presente na Constituição.Tenha-se em atenção a rapidez com que esta lei irá ser implementada por oposição à lei da semana de trabalho de 40 horas, que após mais de seis meses de existência, continua a levantar interpretações divergentes entre trabalhadores e entidades patronais, e agora até serve de justificativo para se fecharem empresas. O sistema judicial é um dos pilares mais importantes do sistema capitalista e da sua lógica. Veja-se como na Madeira a ditadura Jardineira põe e dispõe e volta a trocar os dados, em relação aos clubes de futebol, apesar da fúria legítima e sincera dos sócios. O sistema judicial está omnipresente sem interferir. Interfere, para condenar os crimes dos skinheads não percebendo que a situação merece e necessita uma atitude substancialmente diferente. Algumas trapalhadas “bem intencionadas” com que se pretende gerir a realidade capitalista.
Mas a grande bomba política das últimas semanas foi a chamada “crise política” que girou à volta da então provável apresentação da lei do financiamento local. Sabemos perfeitamente da hipocrisia subjacente ao acto da oposição maioritária, que nunca apresentou nos dez anos anteriores semelhante proposta, e se voltar a ser poder, fará naturalmente ouvidos moucos, justificando-se com uma alteração da conjuntura. Mas sabemos também da hipocrisia do governo que com a sua atitude extremada, de ou tudo ou nada, querer inclusivamente, com a ameaça de eleições antecipadas, jogar o seu futuro político. Porque é isso que está em jogo. Porque é isso que verdadeiramente interessa ao governo. Isso e só isso. O que está em jogo com a lei do financiamento local, é monetariamente falando cerca de cento e cinquenta milhões de contos. Não é mais do que o valor do descalabro entre as previsões iniciais do custo da Expo 98 e o valor presente. Algumas trapalhadas “bem intencionadas” com que se pretende gerir a realidade capitalista.
O que incomoda o Estado, este ou qualquer outro, independentemente do primeiro ministro ser do tipo ectomórfico ou do presente tipo endomórfico, é que com a transferência de poderes, nomeadamente económicos, para os municípios, fica com o seu poder alterado no status quo dos diversos poderes, e isso representa um risco que o Estado considera demasiado elevado, independentemente da cor partidária que o habita...
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