Wednesday, January 31, 2007

EDITORIAL 3


Neste tempo quente de Verão não se espere que se fale de bom tempo, porque esse que tudo domina e controla, não está bom de modo algum, como iremos ver. Um relatório editado pelas Nações Unidas chegava a conclusões bombásticas: numa frase lapidar vociferava que os ricos estão mais ricos e os pobres mais pobres. Isto a partir da análise de 175 países onde se concluiu que 840 milhões de pessoas passam fome.Há outros 800 milhões sem nenhumas condições de assistência médica para além de 1000 milhões de analfabetos.
Ora se estes dados só por si são suficientes para nos deixar revoltados com a situação social e política que possibilita este estado de coisas há ainda outros dados que este relatório apresenta e que ninguém porá em causa vindo donde vêm.
Pelas contas dos técnicos da ONU seriam necessários oitenta mil milhões de dólares para acabar com a fome e dar condições mínimas a todos os pobres do mundo. Número verdadeiramente assombroso, sobretudo se for mencionado como um dado absoluto. Mas se dissermos que a fortuna dos 7 homens mais ricos do mundo chegava e sobrava para pagar este valor exorbitante que pensar disto?
Estes dados são demasiado importantes para termos qualquer tipo de dúvidas sobre a situação aviltante que o mundo capitalista criou e continua a criar apesar dos discursos altissonantes de justiça social, direitos humanos e outros quejandos vazios de sentido porque não há comparticipação na realidade social onde vivemos e onde sentimos.
Já fora do relatório também podemos mencionar que no caso português há um dado fundamental a reter: De 96 para 97 as fortunas portuguesas aumentaram em 13% e as mais ricas famílias portuguesas possuem, e isto é um valor por baixo, dois mil milhões e não é de dólares é de contos. Para esses, naturalmente que este tempo de Verão está óptimo.
Deve ser também por esta situação que há algumas semanas apareceram cartazes da oposição maioritária que diziam “85-97 Portugal no pelotão da frente”o que mostra bem a ligação umbilical com o partido do governo e que a questão da moeda única favorece determinantemente os negócios das famílias mencionadas anteriormente.
Por tudo isto é patético os sentimentos românticos e aí sim utópicos que encontramos no poeta do partido governante, que pensa que os valores que preconiza alguma vez poderão ser encontrados numa organização, que priveligia e incentiva aquilo a que temos vindo a fazer referência neste editorial. Parece que há pessoas bem mais utópicas que os anarquistas, apesar de continuamente ouvirmos argumentação contrária.
Mas também já estamos habituados.